quinta-feira, 23 de julho de 2009

O papa é pop?!?!

O papa é pop?!?!


Agora sim definitivamente efetivo no blog!! Há muito tempo devo algum comentário sobre a banda, minhas impressões, meu modo de enxergar e dizer sobre Engenheiros do Hawaii. Talvez um pouco diferente do Ronan, vejo ainda com qualidade e zelo alguns discos pós GLM da banda gaúcha, apesar de realmente dar mais crédito à melodia, à composição e ao arranjo dos primeiros discos.


Tentando ser breve, digo que Engenheiros entrou em minha vida em uma fase onde eu tinha mais ouvidos para escutar um som cru, rápido e sujo, sem solos longos ou arranjos de 10 minutos. Por isso, inicialmente, uma repulsa. O grunge com o Nirvana era uma das bandas de preferência e essa coisa de progressivo era “muita viagem”. Eu gostava da subversão, do proibido, da exceção. Essas coisas de adolescente da década de 90, início do século XXI. O preto com o branco, e não o colorido. Camisa xadrez, all star, vinho e vamos ao show.


A escolha deste Cd não foi obra do acaso, mas talvez ironia do destino, pois o primeiro contato com Engenheiros se deu pela insistência em escutar “(...) O papa é pop, o pop não poupa ninguém” no quarto por causa de minha irmã que gostava da banda e eu... bem, deixemos uma parte do passado para trás. Na verdade, pegando os primeiros Cd’s da banda como Longe Demais das Capitais, Revolta dos Dândis e Ouça o que eu digo Não Ouça Ninguém, quando se chega em “O papa é pop”, é possível ver um amadurecimento da banda e uma coragem em realizar uma produção limpa, sem muitos efeitos e uma bateria eletrônica criticada por muitos. Essa fase foi um reconhecimento da banda pelo público que começava a ser fiel ao rock hawaiano, mas a crítica (diga-se a BRASILEIRA) sempre caia matando nas canções de Humberto pelas suas citações e talvez pelo seu jeito “não sou a fim de pactuar”.


O Cd foi um marco, um divisor de águas entre a garagem e os grandes palcos. Com uma vendagem acima de 350 mil, e após uma turnê na fria Rússia, Gessinger, Licks e Maltz, já situados no Rio de Janeiro, realizam um Cd com algumas inovações: uma primeira gravação feita com música composta por outro artista e que por sinal teve um maior destaque na realização dos engenheiros do que pela banda original – Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones -, a primeira gravação independente e a colocação de vocais sobrepostos, intercalando o agudo com o grave, mostrando um Gessinger mais a vontade no microfone..


Com músicas do cotidiano cantada e enxergada de uma maneira simples, mas muitas vezes nunca pensada por nós, Gessinger faz um mixer nas composições: ora retratando um andarilho noturno arrependido de um porre com uísque nada escocês, a violência do cotidiano não vista e consequentemente aceita até mesmo como agrado, afago, o retrato de uma semi-liberdade muito pior do que a prisão, pois nesta tínhamos consciência das privações, a sinceridade da afirmação de uma amizade com pontos em comuns, e se não fosse humana, poderia beirar a perfeição.


A arte vai andando na carruagem de seu tempo histórico, e isso é perceptível nas canções dos engenheiros do hawaii. Em uma época turbulenta, pós guerra-fria, início do período democrático brasileiro propicia uma música com uma maior qualidade e crítica sobre os efeitos sociais que permeiam o seu momento.


Saudações!!!


4 comentários:

Karla Soares disse...

Pois é... Sou a irmã que tirou o Flávio das trevas, rs!!! Realmente, o primeiro contato com a banda, muitas vezes, não é tão agradável! Porém, analisando as letras, os arranjos, é visto uma qualidade de música que em nosso País ainda não é tão valorizado (fica a questão: será que um dia será?)! Bom texto, sucesso para vocês!

Mariana Ribeiro disse...

Pois é, vou me rendendo ao Engenheiros...kkkk
Muito bom o texto, escrito com propriedade. Parabéns!

Liza Franco disse...

Flávio parabéns pelo texto, ótimas observações. Creio que os seletos leitores desse maravilhoso blog irão concordar comigo. um grande bjo

Ronan Marcos disse...

essa apresentação pra MTV tem pra mim o melhor vídeo de toda forma de poder. Carlos sozinho tocando batera no final foi de arrepiar.