domingo, 12 de outubro de 2008

Trilogia Parte 1 - A REVOLTA DOS DÂNDIS






Começa agora (para os que ainda não fazem idéia) uma grande saga em nome da boa arte, do rock progressivo e da música brasileira. A revolta dos dândis é um dos grandes discos do rock nacional. Não pelo grande número de hits emplacados! Nada disso! "Revolta" não foi apenas um disco pra se vender bem. Foi uma obra feita para quem gosta de rock bem feito, de viagens através de formas, letras, desenhos e riffs de rickenbacker. Todos estão convidados a conhecer (e debater) sobre as dúvidas e dilemas que Gessinger, Camus, Sartre, Dilan e cia querem que nós tenhamos.

Faixas

1. A revolta dos dândis I (Humberto Gessinger)

No rock, a grata surpresa te empolga por um momento ou por vários. Confesso que a versão original de "a revolta dos dândis I" ainda me surpreende. Não sei por quê! Talvez seja o fato de ter escutado mais a versão do Alívio Imediato e até mesmo a versão do Acústico. Escutar aquele riff final de baixo (só tocado nessa versão) me deixa animado! Alto astral!

Humberto já inicia a canção (do que seria uma trajetória) nos deixando no meio de tudo: "Entre o rosto e o retrato, entre o real e o abstrato". Não há certo e errado, nem corintianos e palmeirenses (citando o BB 93) ... apenas a dúvida e a incerteza das coisas. Será que você já se imaginou passageiro de algum trem no velho mundo?

Frase preferida: "eu me sinto um estrangeiro, passageiro de algum trem"

2. Terra de gigantes (Humberto Gessinger)

Grande canção. Quando comecei a escutar Engenheiros não gostava de "terra". Aos 16 anos você quer mesmo é ver o pau quebrar. Daí aqueles dias melancólicos aparecem na tua vida e junto com esses dias, essas canções começam a fazer algum sentindo. Comecei a gostar de "terra de gigantes" quando escutei Humberto cantando "há milhas e milhas e milhas ... e milhas... " e a virada de bateria de Maltz.

Trecho favorito: "hey mãe! Eu tenho uma guitarra elétrica, durante muito tempo isso foi tudo que eu queria ter"

3. Infinita highway (Humberto Gessinger)

O que eu posso dizer do maior clássico dos Engenheiros? Talvez seja a música mais difícil de se dizer alguma coisa. Não há palavras para comentar "infinita". Ainda bem que a intenção aqui não é fazer review.

Apenas dizer o que significa pra mim

Há alguns meses, fui a um show dos Engenheiros aqui em Brasília. E no site da banda anunciava que os Engenheiros iam fazer uma pausa. No dia do show, assim que cheguei ao local (AABB) um sentimento de adeus a minha banda favorita veio à tona. Não queria mais pensar naquilo durante o resto da noite. Mas aí foi foda! Quando começou "INFINITA HIGHWAY" não teve como segurar ... ainda mais depois de escutar a última frase dessa música.

Frase favorita: "na boca em vez de um beijo, um "chiclé" de menta e a sombra de um sorriso que eu deixei ... numa das curvas da highway"

4. Refrão de bolero ( ? )

Uma música estranha pra mim! Nem a autoria dessa canção eu entendo muito bem. Humberto fala em uma música de Cazuza, mas no encarte do disco não há citação alguma. Humberto diz ter conhecido a tal Ana. E o Cazuza conheceu a Ana também? Prefiro não acreditar que Cazuza tenha colocado o dedo em alguma palavra dessa canção.

Grandes riffs e solo de Augusto Licks. Gosto bastante da linha de baixo e das viradas de bateria.

Frase favorita: "coração na mão como um refrão de bolero, eu fui sincero como não se pode ser"

5. Filmes de guerra, canções de amor (Humberto Gessinger)

Uma música pra todo mundo colocar o que tem de melhor em seus respectivos instrumentos. Solos, riffs, viradas de bateria, tamborim.

Para eles não custava nada deixar bem claro. Não era necessário deixar alguma coisa explicada. Legal era viajar em alguma frase feita e desmistificar conceitos e posições. Começavam os títulos de canções em forma de paradoxos na história dos engenheiros (ouça o que eu digo: não ouça ninguém, nunca é sempre, canibal vegetariano devora planta carnívora)

Frase favorita: "no fim das contas as nações unidas estão sempre prontas pra desunião"

6. A revolta dos dândis (Humberto Gessinger)

Essa é a minha favorita neste disco. Que letra! Que música!

Quando conheci essa canção? Não esqueço! 21 de junho de 2002. Brasil e Inglaterra na copa do mundo. Eu e meus amigos saindo pra beber por aí e eu a noite toda cantarolando "os 3 patetas, os 3 poderes".

São vários os momentos em "revolta II" que a sensação é só positiva. Não é pra se aprender nada aqui... é só ironia... é só diversão... "a revolta dos dândis II" é uma canção pra cantar e pra rir!

Frase favorita: difícil escolha! São várias! A canção é recheada de belas frases! Vou colocar em um tipo de ranking:

1. "JÁ NÃO VEJO DIFERENÇA ENTRE A CRENÇA E OS FIÉIS"
2. "nossos sonhos são os mesmos há muito tempo, mas não há mais muito tempo pra sonhar"
3. "Esquerda! Direita! Direitos e deveres, os três patetas e os três poderes"
4. "ascensão e queda são os dois lados da mesma moeda"
5. "há tantos sonhos a sonhar e tantas vidas a viver"


7. Além dos outdoors (Humberto Gessinger)

Não gosto tanto dessa versão como gosto da versão blues de FGCA, mas acho que tem seus encantos. A linha de baixo dessa canção é muito difícil e bem feita (pra cantar e tocar) prum iniciante no instrumento como Gessinger era na época. No início e no fim da canção temos uma espécie de código morse que se encaixa bem no começo da próxima música (vozes) e já nos ambientaria ao que mais pra frente o Engenheiros traria com o progressivo.


Frase favorita: "as coisas mudam de nome, mas continuam sendo religiões".


8. Vozes (Humberto Gessinger)


Uma introdução à moda Terra de gigantes. Essas características e idéias de sequência com certeza contribuiram bastante para acompanhar mais de perto o trabalho dos Engenheiros. "Vozes" é uma bela canção e acho que poderia sim ser incluída no FGCA. Nessa música temos Humberto nas guitarras e Augusto nos teclados (baixem o teatro ipanema 1987 e confiram). Talvez seja a canção dos Engenheiros em que Humberto mais se exponha.


Frase favorita: "se você sofresse tanto quanto eu sofro com a solidão, e precisasse tanto quanto eu preciso da solidão"


9. Quem tem pressa, não se interessa (Carlos Maltz/Humberto Gessinger)


Canção baixo/bateria que gosto bastante. Fantástica linha de baixo e bateria no estilão do Maltz mesmo. Apesar de gostar muito das guitarras de Licks, honestamente, essa música não precisava delas. Os Engenheiros não queriam provar nada pra ninguém, mas cá entre nós, eles eram uma puta banda autoral por canções como essa!


Frase favorita: "eles têm razão, mas a razão é só o que eles têm"


10. Desde aquele dia (Humberto Gessinger)


Num álbum de estilo, dúvidas, rebeldia e inocência, não poderia faltar uma bela canção de amor como se deve ser feita. Aquela canção que não é pra ser vendida pra quem tá precisando dela. "Desde aquele dia" é uma música nostálgica que particularmente me deixa pra cima. Pra quem tá apaixonado e não pra quem tá desiludido. A "heroína" da canção poderia ser a "Ana" de refrão de bolero pra quem quiser viajar num lance maior. A minha viagem tá em cima de que a minha heroína é a mulher que eu quiser que seja em qualquer momento da minha vida. Atemporal. Linda introdução de guitarra e linha de baixo (pra variar) muito boa. Maltz segura a cozinha com classe!


Frase favorita: "o rosto era o seu, seu rosto de menina, parece que foi ontem, parece que chovia"


11. Guardas da fronteira (Humberto Gessinger)


Pra fechar, "com a missão de cultivar raízes", uma música com um teor do que seria abordado com muita propriedade em ouça o que eu digo. Política e lorota. E não deixou de ser uma homenagem mais do que merecida para o Júlio Reny. Um cara do sul que sempre deu uma força pros caras. Amigo de Licks, Ney Lisboa e Wander Wildner. Ele cantou muito e empolgou demais essa canção. Dos intrumentos, o maior destaque vai pra bateria. Ficou muito legal o arranjo do Carlos.


Frase favorita: "além do mito que limita o infinito, além do dia-a-dia que esvazia a fantasia".


Apenas dizer:


Obrigado por esse disco ... Humberto, Carlos e Augusto.


7 comentários:

Anônimo disse...

Refrão de Bolero foi feita 100% por HG, essa história do Cazuza foi um erro de edição do DVD Clip Zoom, na verdade a música que HG se refere é AMOR QUENTE, que a letra é do Cazuza e ele a musicou e cantou em 1992 numa campanha contra a AIDS...

Ronan Marcos disse...

legal Luis

cultura e hora certa pra mim!

hehehe

Unknown disse...

RAPAZ POR FAVOR TERRA DE GIGANTES É UMA IRONIA, UMA SATIRA O HG ZOUA QUEM ACHA Q POR TER UMA JAQUETA DE COURO E UM GUITARRA É ROKEIRO, TEM ATITUDE ETC... ELE CANTA DE FORMA IRONICA TAMBEM E VC FALANDO Q OUVIU QUANDO TAVA MELANCOLICO,

TAVA ATÉ BEM LEGAL OS COMENTARIOS DAS MUSICAS

Ronan Marcos disse...

fala Pedro

a ironia faz parte das canções dos engenheiros, assim como existe melancolia em alguma delas

em "terra" mesmo não tendo mais 16 anos, sempre prestei mais atenção na melancolia ao discurso.

Dulce.G disse...

Esse CD é ótimo e consigo ouvir do começo ao fim sem enjoar.
Parabéns pelo Blog!

Anônimo disse...

Não, cara... O código morse começa em A Revolta dos Dândis II e termina em ALém dos Outdoos... =x

Guga disse...

Alguém sabe o que significa o código morse que começa em a revolta dos dândis II e termina em Além dos outdoors?