sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Perto das capitais




Aproveitando esse começo de ano, nada como criar um tópico novo falando sobre novos ares, experimentações, boa música, Engenheiros do Hawaii.

Acho que esse clima foi propício para continuar a sequência da trilogia (revolta-ouça-várias), mas antes mesmo de falar sobre o ouça o que eu digo: não ouça ninguém, não poderia deixar passar batido um grande acontecimento na história da banda. O ALTERNATIVA NATIVA.

O post de hoje é dedicado a esse show, que sem dúvida alguma, foi um divisor de águas para os Engenheiros.

Alternativa Nativa 1988

O show do alternativa sendo realizado no maracanãzinho era o incentivo necessário (até de inspiração) para o próximo álbum da banda vir recheado de boas canções para serem executadas ao vivo (apesar da banda ter tocado apenas ouça o que digo,não ouça ninguém nesse show).
Tudo começa com "longe demais das capitais" e um Humberto inspirado: "nossa cabeça é muito grande e tão pequena". Esta talvez seja a canção do Alternativa mais procurada no youtube pelo famoso tombo de Gessinger e seu rickenbacker. Algo que acho, acrescentou muito na performace da apresentação.
Em seguida, vem a minha favorita do espetáculo. "todo mundo é uma ilha". E "quantas ilhas". Que solo de baixo Gessinger nos apresenta no início. É de arrepiar! O melhor áudio de "todo mundo" que eu já escutei ao lado da versão do FGCA. A linha de baixo é a utilizada por Marcelo Pitz, mas a introdução diferente deu um grande charme pra essa música.
"Toda forma de poder" começa a toda com Maltz fazendo a levada, Licks e seus tradicionais dedilhados e Gessinger já manjando muito da linha de baixo criada por Pitz e melhorada por ele. Costumo dizer que os Engenheiros cresceram muito no alternativa mais por Gessinger ter mudado seu estilo de cantar. Nos shows da turnê do Revolta você ainda escuta um Humberto meio tímido, muito mais vidrado no baixo do que no vocal. No alternativa Gessinger solta a voz! E em "toda forma" isso fica claro: "É 4 anos! É 5 anos! É parlamentarismo! É presidencialismo!"
Vamos agora de "vozes" com Humberto nas guitarras, Carlos na bateria e Augusto nos teclados. Era a hora do set mais acústico. Humberto sempre gostou de programar seus shows. O momento do baixo e o momento da guitarra ou violão. Até por isso na sequência tínhamos "terra de gigantes" que como "vozes" tem o riff tradicional que marca a trilogia e consequentemente os Engenheiros (aquele riff que escutamos também em a verdade a ver navios, várias variáveis e todo mundo é uma ilha do FGCA). Em "terra de gigantes" fica o destaque de ver Augusto Licks sem uma steinberger. Nesse show ele toca com uma ibanez.
Depois do set acústico, voltamos a toda com "a revolta dos dândis II". Perfeito demais! Fica entre as melhores do show apesar de parecer chavão. Carlos com sua camisa "ouça o que eu digo: não ouça ninguém" já nos avisava do que estava por vir. Destaque para o final onde Gessinger nos presenteia com alguns slaps no baixo e Licks faz a sinistra base no teclado. Maltz tem razão: naquela época os Engenheiros eram selvagens.
Incrível ver a felicidade de Gessinger ao ver a platéia cantando cada frase de "infinita highway". Afinal, o cara estava saindo do Rio Grande do Sul e estava sentindo a banda cada vez mais perto das capitais, como ele mesmo canta na apresentação do alternativa: "quando eu vivia e morria na cidade, eu não tinha nada, nada a temer, mas eu tinha medo, medo dessa cidade, olhe só, veja você". Foi sem dúvida uma das Infinitas mais empolgantes, engraçadas e sorridentes cantadas por Humberto, vide o seu final cantada assim: "Highway, highway, carry away, José Sarney, go away, highway".
Na sequência, "além dos outdoors" e os backvocais de Augusto Licks (uhh uhh uhh uhhhhh) já valem a canção. Também vale muito escutar o solo final de Licks, agora tocando com uma gibson les paul. Ali começavam os arpejos entre baixo e guitarra.
Todos na platéia pediam. Era uma música que havia tocando muito entre 1986 e 1987. Tocou em novela global. Era maracanãzinho e "segurança" não poderia ficar de fora. E o público foi ao delírio mesmo. GLM melhorou muito essa música. O baixo que já era grudento na primeira versão, ficou pegajoso. E a letra? Esta também mudou! E pra melhor: "e o que mais me impressiona é que você também deu no banco traseiro de um alfa romeo."
Agora era hora de novidade. Conhecíamos "ouça o que eu digo: não ouça ninguém" e a música boa continuava ali com frases de efeito, ironia e protestos políticos. Naquela época podia parecer arrogância escrever: "pele morena vendendo jornais, vendendo muito mais do que queria vender", mas na verdade, era só pra não ouvir ninguém mesmo.
Claro que não poderíamos ficar sem a clássica "A revolta dos dândis". Uma introdução onde todos já pulavam esperando Humberto solar no baixo o que nos indicava que a canção iria começar. São 10 minutos de muito rock n´roll and blues. O rickenbacker de Humberto roncou alto nesse dia! Os bends de Licks eram gritados e as viradas de bateria de Carlos eram intermináveis.

Show alternativa nativa 1988 (Mp3) --> ALTERNATIVA NATIVA 1988

2 comentários:

Glauber Gorski disse...

Segurança não tocou em novela. Foi Toda Forma de Poder, na novela Hiper Tensão.

Ronan Marcos disse...

Glauber...

Admito que cometi um erro. Mas não foi o fato de Segurança ter tocado em uma novela. Segurança foi tema de novela sim! A novela se chamava Corpo Santo. Mas não era novela global e sim da manchete.

Abraço e é sempre bom ter comentários por aqui!