"quem tem pressa, não se interessa"
Foi uma grata surpresa pra um cara que acabara de conhecer o trabalho dos Engenheiros através do cd focus (coletânea da BMG) acessar o antigo site dos Engenheiros do Hawaii (aquele da época do SKA & DNA que era amarelado com a foto messiânica do Gessinger) e baixar as músicas do primeiro cd (em formato real player). Lembro que todo sábado de manhã ligava o vídeo game e colocava pra tocar: crônica, segurança e todo mundo é uma ilha. Aquela mistura de reggae e ska me deixava pra cima. Eu vinha de escutar músicas como Herdeiro, Ninguém = Ninguém, Era um garoto... e aquelas canções me pegaram desprevenido. Foi ali que comecei a me interessar pela história dos Engenheiros. Por que essa mudança brusca no som e estilo?
O começo da história da banda é aquela coisa toda. Nós já estamos cansados de ler e ouvir o Humberto Gessinger falar da rotina de Porto Alegre em meados da década de 80, faculdade de arquitetura, Lady Laura, etc. Quando fui atrás da história da banda, a parte grandiosa e que me chamou atenção sem dúvida alguma foi a transição de uma banda que tocava o que o rock oitentista nacional pedia pra tocar pra uma banda literalmente autoral. Os Engenheiros, a partir da saída de Marcelo Pitz, faziam um som que nenhuma outra banda de rock nesse país tinha capacidade de fazer. Resumindo: os titãs, paralamas, biquini cavadão gostavam de palhetas subindo rapidamente e metais (como num ska e como o Police); o RPM sintetizava seu som (como o A-ha, o New Order e o Joy Division); a Legião (Renato Russo) se dizia super criativa na criação de suas melodias, mas eles apenas queriam fazer o som do próximo disco soar totalmente diferente do anterior. Isso não é criar, é experimentar.
Quando Pitz pediu as contas, Gessinger e Maltz continuaram ensaiando na casa do baterista. Pode ser que esteja errado, mas penso que Gessinger deve ter continuado na Guitarra até conhecerem Augusto, num show de blues. Eu explico! Antigamente eu pensava em "quem tem pressa não se interessa" como uma música em que Carlos e Humberto gravaram ou tocavam antes de Augusto entrar na banda. Desde a exibição do Discoteca MTV - A revolta dos dândis, penso o contrário. Humberto comentou a música como sendo uma letra que pintou rapidamente e ele levou a música pra banda gravar. Augusto dissera que não tinha ainda uma melodia pra canção, decidiram então gravar baixo e bateria.
Diga-me! Quem tinha uma idéia dessas? Numa época em que qualquer babaca detentor de uma guitarra tinha uma banda de rock (e comia mulher), mudar o estilo de uma banda (que tinha lá seu sucesso) e fazer uma música com baixo e bateria, era no mínimo dar sopa pro azar. Para os críticos da época era o princípio de uma arrogância que viria mais forte depois.
Mas para o público (o consumidor) era novidade. E a resposta da pergunta inicial - Por que essa mudança brusca na sonoridade e estilo da banda? - tem a ver com a criação (novidade no cenário nacional, ninguém queria mais ouvir Police traduzido pro Português) e com os frutos dessa criação, as vendas. Eles não tinham pressa pro sucesso, por que sabiam que fariam. Por quê? "Por questão de estilo". Não foi à toa que A Revolta dos Dândis bateu fácil o número de discos vendidos de Longe Demais das Capitais.
E da criação e das vendas vieram os verdadeiros fãs. Mas isso é assunto pro próximo post:
"o recrutamento de fãs, as engrenagens, Camus, Floyd e frases feitas..."
Em breve vídeos!
Abraços!
4 comentários:
Salve! Salve GLM! Seu blog tá fera cara!
Só colocar os vídeos
hehe, nessa foto o maltz está parecendo o richard wright no live at pompeii!
massa ronan
Hmmmm. Revolta é o Grande Disco dos anos 80 sem ser anos 80. Mas sempre considerei a guitarra de Licks no disco sendo acrescentada às músicas, o que dava uma roupagem diferente das melodias tradicionais (em Ouça o Que Eu Digo isso não acontece, pois a guitarra é quem puxa as canções, é a linha central do disco). Inclusive em algumas entrevistas o Gessinger dizia que ele e o Carlos já ensaiavam o disco novo sem ter um guitarrista. O que necessariamente já o colocava como baixista.
sem dúvidas Glauber, de acordo
Postar um comentário